Capítulo XV - Hook or me this time [É Hook ou eu, desta vez]: a ação volta a se intensificar. Peter Pan tique-taqueia imitando o Crocodilo que comeu a mão - e o relógio - de Hook. Barrie retrocede um pouco na narrativa para contar do percurso do menino até o navio. O narrador divaga deliciosamente sobre esse percurso, mostrando o quão pouco as ações de Peter Pan têm de intencionais ou estratégicas, o quão intuitiva - e até mesmo ingênua - é a sua performance. É possível que alguns leitores infantis não achem graça nenhuma nessa concepção de herói, e fiquem até mesmo desapontados. Como leitora adulta, eu acho a explicação de seu tique-taquear comovente e cativante, contribuinte com a riqueza da personagem.
Peter Pan finalmente se revela, após um jogo de suspense e mistério, em que muitos piratas são assassinados pelo menino (ah, bons tempos em que as histórias infantis não disfarçavam a morte e a crueldade). A luta começa: meninos contra piratas. O espírito infantil Peter Pan contra seu alter-ego, o adulto Capitão Hook. Um dos motivos pelo qual as crianças se deixam fascinar pelo bucaneiro, em detrimento da antipatia que muitas vezes sentem por Peter Pan, é que o chefe pirata parece ter um coração, apesar de tudo. Suas maldades são frutos de uma má educação - atos de desespero - e encobrem um medo profundo: do Crocodilo? do relógio? de crianças? Os três elementos são uma e mesma coisa: a consciência do envelhecimento e da morte que fatalmente virá, com o andar do tempo.
Ah, duelos e brigas! Eu adoro desenhar corpos em luta. Fiz artes marciais durante dez anos. Pratiquei espada, facão, punhais, lança. O corpo aprende, a mão obedece à memória dos gestos de defesa e de ataque. Ao conhecer as possibilidades e os limites do meu corpo, posso empatizar com qualquer forma humana em movimento, adivinhá-las. Foram muitos os esboços para essa cena. Às vezes me dá vontade de transformar Peter Pan e Wendy numa história em quadrinhos.
A luta termina, Peter Pan e seus amigos vencem afinal. Se o capítulo terminasse aqui, o episódio seria mais uma aventura como qualquer outra. Mas Barrie prefere uma conclusão mais sensível: finda a batalha, Peter dorme, cansado - um herói exausto. Durante o sono, ele tem, mais uma vez, pesadelos e chora, embalado por Wendy.
7 comentários:
na lista das coisas boas para se fazer:
Acompanhar esse trabalho lindo!
Muito obrigada, gente! Beijão
Muito interessante o teu trabalho, Paula. Vou escrever-te por e-mail para saber mais detalhes. Abração!
E esta última ilustração é simplesmente linda e doce. Parabéns!
E possível transformar a história de peter pan em notícias. Por que
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