O Capítulo IX - The never bird [ O Pássaro-Nunca] é extirpado das versões para o cinema e não consta na versão teatral original. Ele guarda resquícios de Peter Pan in Kensington Gardens: através dele, sabe-se da associação feita por Barrie entre pássaros e crianças. No universo imaginário do autor, as crianças eram pássaros antes de se tornarem bebês, mas esquecem disso rapidamente. Em sua origem, Peter, além de se alimentar e falar como os pássaros, aprendeu a voar com eles (as fadas em Kensington moram nas árvores e embaixo da terra, conforme a tradição celta e, portanto, não tem asas. Barrie as omite em Tinker Bell e o pó das fadas foi adotado posteriormente). Tudo isso reaparece sutilmente nesse capítulo: a incomunicabilidade (uma referência ao fato de que as crianças esquecerem sua origem), o auxílio que o pássaro (uma fêmea-mãe) presta ao menino, oferecendo seu próprio ninho, cheio de ovos, para salvá-lo da maré alta. Numa versão mais antiga, Peter simplesmente joga os ovos fora e ocupa o ninho. Embora coerente com o caráter da personagem (uma criança sem coração), na versão final Peter coloca os ovos no chapéu de Starkey, esquecido junto à Pedra Morooney.
Não esqueçam que Peter, por ter perdido a autoconfiança, está nesse momento incapacitado de voar: nada mais natural que a figura do pássaro reapareça para orientá-lo. Em PPKG (vou abreviar o excerto de Little White Bird), os pássaros assumem a educação de Peter à medida que este perde a confiança no mundo adulto.
A minha figura de Never Bird não está boa e só a incluí para não deixar esse capítulo em branco. Ele deve ser menos um pássaro de fantasia, mas mais um pássaro de verdade, da fauna inglesa.
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