O Capítulo IV - The flight [O vôo] pede uma ilustração única. O que me interessa nele é a suspensão da noção de tempo. Assim, não há porque dividir a sintaxe visual em quadros, mas criar a sensação de vários eventos pairando num mesmo espaço: as desaparições e reaparições de Peter (que, segundo o narrador, vai viver outras aventuras enquanto as crianças Darling voam em direção a Neverland), sua perda de memória, a competição com os pássaros por comida, a insegurança do vôo de Michael, etc. Imagino uma atmosfera onírica, cobrindo duas páginas - Robert Ingpen fez isso em sua versão para essa cena, na edição da Templar de 2004, em comemoração ao centenário da peça.
Acho que a partir daqui eu comecei a relaxar mais em relação ao trabalho: já não me preocupo tanto em apresentar ideias prontas, mas fazer simples anotações. O esboço para entrada do Capítulo, por exemplo, é composto de meros rabiscos indicativos, como traços-chave para a concepção da ilustração de entrada ou de cabeçalho: a janela vista lá embaixo, de longe, ultrapassada pelas crianças que vêm em nossa direção. Miguel sofrerá algumas modificações, porque não obtive de sua concepção de queda um resultado satisfatório.
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