Depois de um vôo que dura um capítulo inteiro, os Darling, guiados de forma um tanto confusa por Peter Pan e Sininho, chegam à Neverland, no Capítulo V - The island come true [A ilha se torna real]. A ilha acorda (como um relógio que estivesse parado) assim que as crianças a vislumbram. A associação da ilha com um relógio não é casual: toda ela nos é apresentada como em movimento cíclico: os meninos perdidos procuram por Peter Pan, e são perseguidos pelos piratas, que são perseguidos pelos peles-vermelhas, que são perseguidos pelas feras, espreitadas pelos meninos. Além disso, um relógio faz um tique-taque ininterrupto dentro do Crocodilo. O comportamento da ilha configura a ideia de tempo contínuo e eterno, dependente de Peter Pan. Enquanto ele estava com os Darling, a ilha vivia um estado de suspensão; assim que ele retorna, ela retoma o ritmo.
Nesse caderno, eu não quis elaborar cenários (só fiz os rabiscos da ilha). Os grupos de personagens foram desenvolvidos na ordem em que aparecem (o estudo das feras ainda não foi feito, com exceção do Crocodilo). Imagino eles ocupando as margens do livro e contornando o texto, fazendo um círculo, uns atrás dos outros. Por enquanto, tenho apenas estudos em separado. Procurei ser fiel às descrições de Barrie, ou corresponder de alguma forma às características de personalidade de cada Menino Perdido: Tootles deverá ter um ar mais abobalhado, Nibs, uma carinha esperta e alegre, Slightly é um garoto cheio de ritmo, inquieto (eu me permiti desenhá-lo afro), Curly é bem o que significa seu nome, com os cabelos cacheados, e os gêmeos devem parecer incompletos, como se dependessem um do outro para surgir. Tomei a liberdade de não envolvê-los totalmente em peles, como queria Barrie, mas variar o modo como as organizam em seus corpos. Isso vai dar ritmo ao grupo (eles aparecem quase sempre juntos).
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