Paula Mastroberti

Bem-vindos a Peter Pan e Wendy: projeto. Ele está sendo desenvolvido a partir da minha tese de doutorado defendida na Faculdade de Letras na PUCRS, que basicamente estudou a obra Peter Pan e Wendy, de James Matthew Barrie, suas traduções gráficas e sua receptividade no Brasil. Entre outros objetivos, pretendo apresentar, como produto final, uma versão ilustrada desse texto literário que completou 100 anos em junho de 2011. Este blog foi criado para compartilhar os conceitos, os traços e o processo que envolve a produção dessas ilustrações e da sua versão em quadrinhos.
(Clique sobre as figuras para ampliá-las.)

sábado, 28 de abril de 2012

Caderno III - Peter Pan em quadrinhos: processos (2)

Como prometi, seguem as etapas de finalização. Abaixo, o traçado final, em grafite, foi finalizado em nanquim:

Em seguida, ele foi digitalizado, limpo - quer dizer, tirei alguns traços remanescentes do esboço que insistiam em poluir a arte - e colorido digitalmente.

Aqui, notem que os balões já foram inseridos. Eles foram executados no próprio programa Photoshop e permanecem descolados da arte, caso seja preciso fazer alguma alteração quanto a posição, tamanho ou formato para encaixarem-se no texto. O cenário é propositadamente limpo, com poucos elementos, como podem ver. Isso se deve a dois motivos: primeiro, há muitos personagens em cena, com expressões significativas que devem ser destacadas. Segundo, as cenas iniciais se passam como se personagens estivessem atuando num palco (por isso, quadros com planos horizontais). Notem que a casinha da Nana é plana, não tem fundo, pois simula uma abertura no "cenário"de teatro iluminado, como a porta onde aparece o Sr. Darling. 


Alguns quadros exigem a aplicação de efeitos maiores, proporcionados pelo próprio programa Photoshop, como podem ver. Eu poderia ter resolvido o movimento da Sra. Darling de outra forma, mas optei por este, pela facilidade e pela precisão, além do belo efeito que cria.

Aparentemente simples, a aplicação da cor aqui está sendo, na verdade, um trabalho bastante complexo. Se por um lado, a colorização digital facilita e assegura o bom acabamento, por outro pode incorrer numa certa homogeinização da cor, brigando com o traço orgânico e analógico do desenho. Esse é um defeito comum que eu tenho observado nos processos digitais de coloração: por mais volumosa que seja a aplicação de "tinta"digital, de claros e escuros, o colorista esquece que ela deve se agregar ao desenho como se fizesse parte dele desde o princípio. Muitas vezes me deparo com tons "aerografados"que não influem em nada, parecem apenas vazios coloridos aplicados entre os contornos da arte. Ou seja: é como se a cor perdesse o valor, esfriando seu significado. Ora, cor também faz parte da linguagem, gente. Cor também significa, não está ali só pra dizer que existe.


Um comentário:

xx) disse...

aaaaaaaaaaaaaaaiii!! que lindo! não vejo a hora de ter esse livro nas mãos!